domingo, 4 de julho de 2010

Tema: Vaidade

Discurso

Oh sim, meus amigos, eu tentei salvar o mundo essa semana. Três vezes, por aí.
Estive em um estado de euforia e, justamente por isso, sei que nada dura, nada, nada, nada e por vez da natureza, as coisas tendem a cair lá do alto.
Ora, eu fui o grande solucionador, reinventor de verdades, criador exemplar, grande conselheiro; um completo neurótico. Caí na vida, em busca de história, e as criei, com ou sem vida, mas criei. Nesse ultimo mês tive a oportunidade de me sentir completamente apaixonado pela capacidade que os seres humanos têm de simplesmente serem humanos e, justamente por isso, me julguei um algo a mais.
Só que convém lembrar, a cada domingo, que o céu é maior e a gravidade está aí, a nos doer as costas.
E é importantíssimo assumir a insanidade – assuma o caos que há dentro de ti ou algo assim. E frustre-se, esse é o primeiro passo do aperfeiçoamento. Foi assim que eu, tal qual Deus, fiz tudo em uma semana – tudo. Só deixei definições como a do amor pra depois, pra lá, em banho maria – como o próprio Deus fez.
E isso é o grande problema quando você coloca à plenos pulmões que o/no princípio era/ é o verbo.
E eu fui tirando do fogo baixo e nada estava pronto. E isso é enlouquecedor. Tanto o é que a gente começa (e isso, depois de tudo, tudo que eu descobri é muito doloroso) a recorrer ao outro com a credibilidade carente de uma criança que depende da moral alheia. E a partir daí vem o colapso, o medo, o questionamento.
E a vontade que dá é de acabar logo com essa palhaçada. E é fácil tentar : 80km/h em todos os sinais de uma avenida em olhos fechados e se perguntando com a barriga gelada se era pra eu continuar aqui mesmo e até onde isso teria impacto e como seria o meu próprio luto – e no mesmo dia me disseram que viver algo pensando no fim é doentio e medíocre. Pois eu dei sorte, fechei os olhos de pura manha, até porque os sinais todos abriam quando eu estava a 30 metros mais ou menos. E quando foi diferente, quando eu pude apostar na sorte, não dei conta, diminui a marcha e já passava pela luz vermelha a menos de 30 por hora. É, eu ainda conservo um amor a vida muito grande, ou, pelo menos, uma antipatia à covardia, ou, pelo menos, um asco à tendências suicidas ou um não sei o que. Mas eu queria saber o que seria do dia de amanhã, dos olhares de amanhã.
O que acontece com os heróis caídos – principalmente quando eles caem antes do levante? O que há de haver com essa maldita seleção brasileira? E com os escritos bem formulados? E com as próprias pernas as quais todo ser humano, a principio, tem direito?
O que há de haver com as perguntas, se eu cismei de me ver com todas as respostas, certo?
E antes um discurso do que os velhos contos, porque neles, eu podia e quase devia criar, mentir. E quer coisa mais vaidosa do que a sinceridade?
Ah, sim, meus amigos... perdoem-me, mas tentei salvar o mundo mais uma vez.

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