quarta-feira, 30 de junho de 2010

Tema da semana: Vaidade

terça-feira, 29 de junho de 2010

Tema: Frango

Falo em Frango

Quatro ou cinco meses? Acho que nem quatro nem cinco, por aí. Pouco importa, só sei que é mais ou menos esse o tempo que eu não fazia isso. Eu já nem sentia falta. Conforme o tempo passou, menos vontade eu tive, e aos poucos me acostumei com essa ausência. Um dia, ou melhor uma noite, na verdade era madrugada, nem dia nem noite; nesse certo nem dia nem noite eu estava deitado na cama praticando um pouco de insônia. Milhares de pensamentos rodavam na minha cabeça feito canais de televisão sendo passados. De repente me surgiu uma imagem, uma lembrança. Minha boca se encheu d´água e eu fiquei ainda mais inquieto. Tentar dormir se tornou praticamente impossível, já me bastava a falta de sono e agora isso tomava todos os outros pensamentos: alguma lembrança alheia da infância e ave, viajar pra praia no fim do ano e ave, desliguei o computador antes de ir pra cama e ave. Não adiantava mais, podia pensar o que fosse que ela estaria lá. Uma ave miserável ainda por cima. Burra, desajeitada e que nem voar consegue. Cansado de pensar nela resolvi encara-la, fui até a cozinha e abri a geladeira; um queijo velho com aquela casca seca em volta, meia cebola e uma garrafa de vinho com água dentro. Nada de frango. Nem duas horas depois o sol já estava de pé, aceitei o convite e também fiquei. Bastasse a exaustão de uma noite nada dormida, eu ainda não conseguia pensar em mais nada se não em frango. Sabia que enquanto não conseguisse saciar meu desejo eu não ia dormir. Tomei um banho frio, um café aguado e fui pro mercado mais próximo. Devo ter sido o primeiro cliente do dia, comprei um frango congelado e uma barra de manteiga. Corri pra casa, coloquei o maldito no forno de micrroondas, modo descongelar. Quando o tirei de lá estava cru, mas quentinho. Quentinho e macio. Comecei a passar manteiga na parte de dentro daquele pedaço de carne branca e molenga enquanto cantarolava na minha cabeça meu último tango em paris. Passei um longo fio de barbante em volta, apertei com força suficiente para que se ainda tivesse em entranhas os seus órgãos, eles saíriam por todos os orifícios de uma só vez. Dei um nó. Ali na cozinha mesmo, arriei minhas calças e mandei ver, um vai e vem frenético. A vontade acumulada era tão grande que eu terminei o serviço em um par de minutos. Com todo meu corpo relaxado e meus olhos semi abertos eu tirei o barbante e deixei a ave em baixo da água que escorria da torneira por um tempo. Coloquei de volta na geladeira e dormi feito um bebê. Quando acordei já era fim de dia, levei o frango semi congelado em uma embalagem já aberta pra minha vizinha de porta, inventei alguma história qualquer e lhe dei de presente, fui retribuído por um sorriso meio feliz meio desconfiado e um abraço molengo. Pode até parecer errado mas eu tive que dar de presente para alguém, afinal de contas eu não como frango.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Tema: Frango

_Post mortem que você disse?

_Você já matou um frango?

_Me responde antes! É impulso post mortem?

_Você vai entender: geralmente no interior quando você mata um frango com faca e corta a cabeça fora, não é raro ver o bicho sair correndo esguichando sangue pelo pescoço sem cabeça.

_Lorota.

_É sério. Ele corre por causa dessa coisa de impulso post mortem. Frango tem muito disso.

_Que seja, eu não acredito. Mas o que tem isso tudo a ver com o que você ia dizendo?

_O que eu tava dizendo é que nessa coisa toda você não pode é correr desorientado atrás do frango. Você cansa, fica todo ensangüentado e no fim percebe o mais obvio: ele já está morto, não vai chegar a lugar nenhum.

domingo, 27 de junho de 2010

Tema: Frango

Manchete: Maluco vestido de galinha mata açougueiro

Norte da Califórnia, 1967. Naquele tempo os açougues eram avulsos... Um homem alto, ruivo, forte de gordura, de barba espessa, vestindo uma camisa xadrez curtida, que já não agüentava mais o volume do corpo escandinavo, entra no talho e encara o velho franzino atrás do balcão. Roy Stern é o nome do ancião. Ele passou grande parte de sua vida naquele local, atrás do balcão, matando e vendendo, vendendo para comer, comendo para matar, e matando para, quem sabe, não morrer. Desde que seu pai, fazendeiro rico, homem influente na região, havia perdido tudo no início do século, Roy permanecia naquele posto de sacrificador. Aquele comércio era a única coisa que o fazendeiro havia deixado, quando no verão de 1930, depois da depressão do ano anterior, acertou um tiro na cabeça. O velho comerciante tinha uma relação contígua com a morte. Pelo menos uma vez por dia ensangüentava sua camisa branca e, resmungando confissões de sua infância, pendurava pedaços no matadouro.

Dunn Huply, o homem da barba espessa, mais conhecido como “Dunply” na região, havia regressado do Alasca a pouco, depois de uma dura temporada de experimentação de solidão humana. A sua tolerância era precária com pessoas, só dialogava bem com animais. Dunply sabia da fama de açougueiro sanguinário de Roy, e há dias não mantinha uma relação harmoniosa com ele. Não se intimidou com a expressão forte estampada no rosto de Roy, e foi logo fazendo seu pedido, que mais parecia uma ordem:

- Eu quero um frango vivo!

Roy, que ainda mantinha a testa franzida respondeu com um sotaque interiorano:

- Só trabalho com animais mortos, se quiser ver bicho vivo vá pra outro lugar, e não venha me aporrinhar novamente, seu grande pedaço de merda!

Dunply, que apesar de intolerante sempre mantinha uma excêntrica calma, virou as costas e encostou a porta ao sair. As cordilheiras já alcançavam o sol quando ele saiu, bufando, rumo ao seu casebre que não era tão longe dali. Não tirou da cabeça aquele insulto.

Ao chegar a casa - já era noite - deixou seus pertences em uma bancada e foi direto para oficina que ficava nos fundos da ruína de madeira que estava abrigando-o nos últimos tempos. Com certa dificuldade acendeu uma lamparina ligada a uma fiação no alto do cômodo, e quando a luz veio Dunply foi, fugaz, de encontro a um armário, acabado, escondido nos fundos da oficina, por uma grande quantidade de entulhos. Tirou tudo de cima e ao abrir o armário seu rosto ganhou uma nova feição, ele sorriu. Um saco cheio de penas brancas. Pegou uma cola de sapatos que estava por ali e começou a se banhar com aquilo. Depois que seu corpo estava completamente coberto de cola, ele foi, calmamente, colocando pena a pena nos seus membros, até ficar completamente preenchido, deixando exposta somente a espessa barba ruiva.

Dunply pegou uma serra cega que estava em sua bancada e abandonou sua casa. Com passos largos, acelerados foi em direção ao açougue de Roy Stern.

A lua cheia iluminava o ambiente e, naquela noite, Dunply pôde ver suas penas brancas atingirem o tom de sua barba espessa.

sábado, 26 de junho de 2010

Tema: Frango

Por falta de poesia ou coisa melhor...

-Mas é carne, não é?
-Não... é como se não fosse... não tem sistema nervoso.
-Como não?
-É, ora... peixe não tem sistema nervoso, não sente dor...
-Afemaría.. essa agora. Não to falando do peixe, ô... tô falando do fran...
-psst! Não vamos falar essa palavra, por favor...
- Por quê?
-Olha, vamos evitar o óbvio, só isso. Esse tipo de coisa tem que ficar subentendido...
-E aqui vamos nós, com esse papinho misterioso furado...
-Enfim...
-É, então você come ou não come essas merdas...
-Ai, olha o respeito. Comer merda é a mã..
-...
-Ai, desculpa!
-hã?
-É que eu vivo dando essas bolas foras; ai meu deus... e eu não falo nada desde que sua mãe morreu... que jeito de tocar no assunto...
-Êpa, minha mãe não morreu, você enlouqueceu?
-Eu sei, eu sei...
-Pára com isso! Tem ninguém morto lá em casa não... pessoal tá com a saúde de ferro, nem que eu queira aquele povo morre
-É, é verdade... não sei, não sei o que me deu..enfim...
-É.
-Tá legal, vão pedir a comida? Cê quer o que?
- Sei lá... pode ser esse galeto aqui...
-Isso, usa essa palavra, é melhor mesmo... Eu fico com a salada, tá moço?
-Quanto tempo?
-Quanto tempo o quê?
-Você não sai com alguém?
-Isso é pergunta de se fazer na frente do garçom?!?! Ai, que vergonha...
-Curiosidade...
-Pára, né?
-...
-Enfim...
-Tudo bem, melhor não saber. Tenho perguntas melhores.
-“sua estupidez não lhe deixa ver...”
-Gal?
-Roberto. Adoro essa, lembra meu pai.
-ah...
-enfim...
-é. Enfim.
-Que foi?
-Nada,
-Duvido.
-De quê?
-Nada.
-Duvida de nada?
-Não duvido de nada...
-Cê não acha meio brega, não?
-O que?
-A dúvida....
-como assim...?
-Tô brincando, o Roberto.
-Claro que não!
-Eu acho...
-Lembra meu pai...
-Não lembra o meu.
-Que musica lembra seu pai?
-Ah, chorinho... Samba...MPB... Ele adora a Elis.
-E sua mãe? De que ela gostava?
-Ela gosta dos Stones, dá pra acreditar? Lá em casa é assim.
-...
-...
-... então... você acha que me ama?
- O que???
-Eu acho que não.
-Pra que a pergunta...?
-Pra você responder...
-Olha, tirando o cheiro que ficou no meu casaco e umas lembranças ou uns pensamentos de te encontrar logo ali na esquina sem querer... Eu também não sei...
-Nossa, que romântico, hein?
-Eu não sei responder.
-Era brincadeira.
-Era?
-Não.
-Não?
-É.
-É o que?
-Brincadeira.
-É ou não é?
-Você nunca ouviu isso?
-Ouviu o que? Uma brincadeira? Ou que alguém me ama?
-Eu sei que quando sua mãe era viva ela te falava “eu te amo”... tô perguntando é se você já ouviu alguma brincadeira assim saindo de mim.
-Minha mãe não morreu, porra!
-Peraí, ce ta indo embora?
-...
-Não vai não! Caralho, eu to só conversando... calma lá. Ai, assim não. Não vai embora assim...
-Não se faz as coisas assim, desse jeito, tá legal?
-Tudo bem, só espera chegar o prato...
-Isso tá ficando desgastante...
-Eu tô morrendo de fome...
-Eu não sei o que dói mais...
- o galeto! Chegou...
-O que você queria com isso? Eu não suporto essa coisa toda...
-Dá um tantinho do seu arroz? Não to agüentando de fome...
-Eu amo sim.
-enfim...
-Toma o arroz.
-Tá boa, a carne?
-Você disse que não era carne...
-É sim. Peixe que não é. Chegou, a salada...
-é... desisto...
- De quê?
-Não lembro.
-Sabe o que deve ser ruim?
-O quê?
-Ter asas e não voar...
-É, é mais ou menos como que olhar pra você.
-Concentra no que você ta comendo, aí, vai...
-Você que começou.
-Não, foi você quem perguntou primeiro...
-Eu???
-E por último também.
-O que eu perguntei?
-Aí, de novo.
-Foi você quem veio me perguntar se eu te amava.
-Foi você quem veio perguntar se era carne ou não.
-Que é que tem a ver?
-Carne com amor? Tudo!
-Ah, então tá... é amor ou carne?
-Que pergunta maluca... você anda estranho desde que sua mãe mo...
-Minha mãe não morreu! Merda.
-Tá legal. Ela não morreu, peixe é carne e você me ama. Temos todas sentenças montadas. Mas e frango?
- Ah, vá à merda....
-...
- Eu não amo frango, mas é carne e sim, tá morto. E eu tô comendo.
-Mas não é galeto?
- Frango não era uma palavra proibida?
-Você conseguiu não usar o óbvio?
-Como assim?
-Eu queria evitar o óbvio. Mas você não conseguiu. Então, pode falar frango.
-Hum...
-Vamos começar de novo: Sua mãe não morreu, peixe é carne, você me ama...
-Roberto Carlos é brega...
-Roberto não é brega. Seu pai deve gostar de “As curvas da estrada de santos”... Se for brega eu mato tua mãe.
-Mata não. Deixa isso pra lá.
-Sua mãe não morreu, peixe é carne, você me ama, Roberto Carlos não é brega e você tá comendo frango.
-Mas acabou.
-O que?
-O amor.
-...
-...
-...
-Amigo, traz outro frango?

Garçom: - É galeto, senhor.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Tema da semana: Frango

terça-feira, 22 de junho de 2010

Tema: Toalha

Sombreiro

“Televisão me dá um sono.”

Falou pro quarto vazio, enquanto andava devagar pelo corredor da casa escura.
Ela já havia se acostumado com a escuridão dos porões de outrora. Era março, e isso a impedia de se aventurar pelas ruas de Botafogo. O único momento em que saia de casa a passeio era no mês de fevereiro, quando os bairros do Rio de Janeiro estavam cheios de pessoas sorridentes curtindo as festividades da época do ano. Tinha pavor a ruas solitárias, e de poeiras de vento leve.

Chegou ao quarto e deitou a cabeça no travesseiro. Lembrou-se das histórias que sua avó lhe contara quando moça. Vovó Josefina dizia coisas sobre a senzala e costas calejadas de tanto carregar chicotada. Mas quando vinha a sua mente a penumbra dos cômodos subterrâneos, as chibatadas de sua avó pareciam mais carinho em neném recém nascido. Tudo que ela via em suas lembranças era a sombra do quarto semi iluminado e uma toalha que o sabujo enxugava o suor depois de...


..., e a porta se fechava em um barulho ensurdecedor que a acalmava.

Aquela visão que fora plantada no seu cérebro ainda permanecia, entre o som do silêncio. As noites tinham um ritmo semelhante. Ela ficava de olhos abertos, encolhida, coberta por uma manta de lã, sob a auréola de uma lamparina barata. De lá, não se ouvia muito, somente ruídos, sussurros. Sons que ficavam na divisa entre o real e o imaginário. A madrugada se estendia, e ela permanecia acordada com medo de sonhos agitados. Angustiada pelos murmúrios, dizia palavras:

“Olá escuridão, minha velha amiga.”

Tentava dispersar-se em coisas poucas. Conversava com as paredes, enquanto sua visão percorria os cantos do quarto. Um processo contínuo que se conservava até o sol aparecer.

Na manhã seguinte, primeiro dia de abril, ela se levantou e, certa de que não agüentaria se guardar até o próximo carnaval, foi até o banheiro e se enforcou com a toalha de suor de sabujo.

Tema: Toalha

A Toalha

Tenho neste momento em minhas mãos um de meus bens mais valiosos, uma toalha. Quando fiz dezoito anos e segundo meu pai virei um homem, ele me deu de presente esta toalha. Me disse que seu pai lhe deu quando por sua vez completou seus dezoito anos e segundo seu pai, ele também tinha virado um homem. Esta toalha é especial pois me foi dada pelo meu pai, e que foi incialmente dada a ele pelo seu pai, o meu avô e pai do meu pai. Mentira, esta toalha que tenho em mãos e que é um de meus bens mais valiosos, não o é, por ter sido presente de meu pai, esta toalha foi um presente de uma pessoa muito especial que não é o meu pai, que também me é uma pessoa muito especial. Esta toalha me foi dada por uma cobra verde, há alguns anos atrás, me deixou uma toalha, um casaco e um dicionário com fotos. A toalha era nova e confortável, os outros não. Mentira, cobras não dão presentes e muito menos conseguem colocar fotos em dicionários, esta toalha me é especial por me aquecer após o banho em pleno semi-frio de Junho. No Brasil não faz frio suficiente no inverno para instalarmos aquecedores em nossas casas. Quando eu era criança, minha toalha favorita tinha um capuz, depois do banho eu cobria minha cabeça e meu corpo e corria para a cama de minha mãe, cama que fora comprada pelo meu pai, porém creio que ao abordar infância tenho em mente um elo mais forte para o lado maternal, tornando esta memória mais calorosa, mantenho então apesar de não te-la comprado, cama de mãe, que era onde após o banho eu ficava aquecido por minha toalha de capuz. Encolhido e aquecido. Mas esta toalha que tenho em mãos e que me é especial, não tem capuz. Eu muito menos me enrolo nela e corro para a cama de minha mãe (de meu pai?) para me acolher aquecido por ela (a toalha). Porém, ainda assim me aquece e me mantém seco. Mesmo nos banhos mais frios de cinco e quarenta da manhã. Me aquece e me mantém seco. Certa vez em um país gelado esta toalha foi capaz de me secar e me aquecer. No entanto tal país era frio suficiente para se instalar algum sistema de aquecimento nas casas. Na falta de um aquecedor nem uma toalha de capuz seria capaz de me aquecer. Mesmo me aquecendo e me secando, no Brasil ou em algum país gelado com casas aquecidas, esta toalha não possui assim qualidades suficientes para ser um de meus bens mais valiosos. De fato, assim como muitos fatos neste texto, o fato de esta toalha ser especial para mim ou até mesmo um de meus bens mais valiosos é mentira. Este texto apresenta fatos, alguns são verdade, outros mentira. Ao ler o texto com certa perspicácia, alguns fatos são facilmente notáveis como mentira, como por exemplo o fato de neste momento eu ter em minhas mãos uma toalha, com uma toalha em minhas mãos eu estaria impossibilitado de escrever. Logo tal toalha não esta em minhas mãos, de fato pode não ser especial ou um de meus bens mais valiosos, de fato ela pode nem ao menos existir, ela pode ser por exemplo uma cobra verde e não uma toalha. Ela pode ser por exemplo uma mentira.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tema: Toalha

Santo Sudário

E numa tarde de tanto calor, aquele sobe-ladeira danado e um sofrimento nesse sol de rachar que dá no fim de março... Maldito outono que não chega...
E as romeiras todas ali, subindo rua de pedra, como que respondendo ao sino; e o vestido ia encurtando nas mangas, as bochechas se avermelhando e aquele suor que, com sorte, os olhares de doze anos podiam flagrar escorrendo nas coxas à mostra de uma ou outra balzaquiana que puxasse a saia ao parar pra descansar do calor.
Mariana se incomodava menos com o sol do que maioria dos rostos corados ali na procissão. Ela se demorava mais em seu caminhar, estava distraída com alguma coisa desde que acordara. Alguma coisa estranha ali dentro. Diferente, não era cólica, até porque o sangue descera já fazia uma semana ou menos. Mas ai, não era o calor do sol que a fazia querer puxar as mangas, levantar um pouco a barra do vestido... não era, ai meu deus, não era...
Era domingo de páscoa e ao longe, naquele mar de montes, uma carga de nuvens pretas ameaçava acabar com a tirania daquela tarde. Lá embaixo do morro, de onde a procissão saiu, vinha a família dos pretos. Tão ameaçadores quanto as nuvens de lá do leste – diziam que eram do candomblé e disfarçavam seu paganismo participando das festividades da boa gente católica – falo dos pretos, não das nuvens.
E o desejo de que chovesse era grande. Jesus mesmo, ali com uma cruz de madeira barata, leve, já não se agüentava mais e praguejava em silencio, quase rezando pra que São Pedro tomasse lugar nessa palhaçada toda.
Os crentes faziam questão de cortar a procissão, passar em horizontal – eram dois: mãe e filho; 40 e 16 anos. Ao cruzarem com Jesus, cumprimentou-o a mãe, em respeito ao pai do messias, dono da venda. Ao encontrarem os pretos, viraram a cara, por conta de uma briga que o rapaz de dezesseis anos teve com o mais velho da outra família na escola. Preto de merda, esse Afonso... crente filha da puta. E a puta, Maria Madalena, que já até fora crente, mas largara a idéia por braveza do falecido pai, olhou torto pro menino branco- Alexandre que ele chamava - meio que prevendo alguma coisa ali.
Mariana também viu, sem prever coisa nenhuma. A barriga doía uma ansiedadezinha e o calor deixava a mão mais fria. Aliás, eu disse que ela viu, mas, na verdade, ela olhou e olhou firme. Depois do preto, tudo que prendeu o olhar do Alexandre foi a menina. A menina insossa, magrinha de tudo, que devia era de estar passando mal, com aquela suadeira fria, aquela coceira irremediável em algum lugar intocável, também não desgrudava o olho do branquinho.
E já chegando a procissão na igreja, um pretume, como que num fronte de batalha, veio chamando a atenção para si e levantando algum receio da hora de voltar – falo das nuvens, não dos pretos. E nessa deixa, Mariana diz “mãe, to passando é mal. Dá a chave de casa, dá? tô cansada e não quero pegar chuva. Fica com a sombrinha aí ”. Calada a mãe entregou o molho e seguiu entrando junto com os fiéis na igreja que passavam a mão na cruz e faziam o pelo-sinal.
Maria Madalena, que agora chamava Débora de novo, olhou pra menina indo ali na direção de casa, enquanto ela própria tomava o rumo que lhe convinha - seguiu os pretos, que não entraram no templo. Gostava deles, os tratava bem e fora sempre muito bem comida em segredo por um dos rapazes.
Seguiu-os até onde iam, perto da casa de Mariana, que era vizinha do tal Alexandre. Era pra buscar um pano na casa d’uma velha.
Dez minutos antes de a velha entregar esse pano, Mariana chegava em casa. Vinte minutos antes de Mariana chegar em casa, uma discussão se iniciara nos vizinhos. “...que igual seu pai você não fica, seu excomungado. Pai que você tem é Deus, e só. E esses vícios vamos dar jeito de tratar. Ah, então é? Você vai sair daqui? É igual o pai mesmo...” Eram gritos que da rua se ouviria, se ali estivesse alguém. Pois que, logo depois de Abel sair batendo porta pra o meio da rua e a mãe ir chorar rezando no quarto trancado, veio Alexandre, mais menino que nunca, não acreditando em deus, chorar no passeio a raiva do irmão descrente.
Ali que Mariana o encontrou. E a fisgada fria aumentou na barriga, as coxas se roçaram e, com a intimidade de quem nunca sequer trocara uma palavra com o vizinho, ela assentou ao lado dele, passou a mão nos cabelos lisos do rapaz e disse: “por que é que tá chorando aqui, na porta da minha casa?”. Ele ficou em silêncio e, chorando mais forte, deitou no colo dela. Ela o abraçou, beijou seu cocuruto, levantou-o pelo braço, puxou-o como quem puxa um bêbado, abriu a porta de sua casa, tomou consciência de que aquelas fisgadas já se tornavam mais prazerosas, voltou-se pro rapaz e o abraçou com a força de uma mãe que abraça o filho retornando da guerra. Sentiu, portanto, as lágrimas quentes escorrendo pela sua clavícula, a boca do rapaz encostando em seu peito e molhando o vestido, os cabelos lisos e loiros que roçavam em seu pescoço e decote; e ela passava as mãos naquela seda, consolando-o e empurrando-o mais pra baixo e ele já ousava abraçá-la pela cintura, e escorria a mão com desajeito pela barriga, mexendo excessivamente o tecido do vestido em várias tentativas que, enfim, deram certo, porque ela já não agüentava mais aquela demora e decidira guiar a mão do rapaz. Ele a apertava desajeitadamente, com uma força desnecessária. Caíram no sofá, graças às contorções de Mariana. E ela parou.
Foi ao banheiro e começou a querer chorar a confissão do domingo que vem. Ele a seguiu, já sem a roupa, catando-a por trás. O choro cessou. Ela ficou nua e isso era muito melhor naquele calor. Ela apanhou a toalha, por supôr que faria sujeira. Foram pro quarto e, em cinco minutos, o sangue desceu e ele, gozado e arrependido, já não agüentava mais nada.
Chorando irracionalmente, o garoto pôs roupa, passou na cozinha e saiu correndo atrás do irmão - queria matar aquele profano infeliz, contagioso.
Os pretos o viram sair da casa da garota e não puderam perdoar. “Olha quem andou provando a fruta...” – Eles voltavam com um jogo de toalha bordada da casa da velha; Maria Madalena ia com eles e não riu da piada, pra não atirar a primeira pedra. Afonso, o preto que brigara com o menino na escola, riu mais alto – não tão alto quanto o grito de dor da faca que o atravessou logo depois. AU, FILHO DUMA PUTA. E foi outra facada, dessa vez, no pescoço. FALA AGORA, CRIOULO.
Ah, mas o menino apanhou, apanhou de desmaiar, de ninguém acudir. Apanhou o que queria ter batido no irmão. Mas apanhou, viu.
E Afonso morto, acolhido por Maria Madalena, que lhe devia uns carinhos, acolhido pela toalha da velha, suja de um sangue diferente daquele que sujava a toalha de Mariana num quarto na mesma rua.
Toalhas inúteis. Inúteis pra secar as lágrimas daquela que se sentia indigna; e o suor do pessoal morro acima, na igreja fedendo a fim de tarde; inútil até pra acolher aquela sangria desatada e, ao mesmo tempo, o choro de luto, e ao mesmo tempo o choro da mãe no quarto, indignada pelo filho que puxara o pai e pelo filho, que ela ainda nem sabia, mas morreu ali na rua mesmo, depois de matar um preto.
Toalhas inúteis pra secar as lágrimas daquele domingo de páscoa, mas que absorviam o material viscoso que traz pra gente esse incômodo chamado vida.
E a chuva que ameaçava a procissão caiu.

sábado, 12 de junho de 2010

Caros amigos contribuintes do blog,
Gostaría de propôr a mudança do dia de postagem para os domingos. Tendo em vista nossos atrasos e as condições de fim de semestre e tudo mais, acredito que seja mais conveniente mudarmos o dia para um que não fosse no meio da semana.
Assim, postaríamos com mais tranquilidade e tédio, o que é muito positivo.
Respondam através dos comentários, por favor
Desde já agradecido,
Túlio

Ps: o tema dessa semana ficaria pra o proximo domingo, caso concordem.

Tema da semana: Toalha

Tema: Mulher

Confissão


Como naqueles antigos desenhos animados onde o personagem sente o cheiro de torta e sai flutuando em sua busca, vez ou outra me invade as narinas um certo perfume de mulher. Tomado então pela essência feminina que me brota do imáginario, vou as ruas a procurar. Fico maravilhado com as diferentes formas, cores e aromas. Embriagado de admiração incorporo um caminhar torto, meus passos se tornam curvados e perdidos. Trago na face um olhar jocoso acompanhado de um semi-sorriso estremecido. Deixo escapar serenamente palavras de carinho a minhas musas. Não me ouvem, porém gosto de acreditar que sentem meus gentis comprimentos. Uma vez cansado, escolho um banco que me pareça digno e confortável. Não saciada minha sede, permaneço em meu descanso durante horas, somente observando belas flores passar. Em certos momentos chego a soltar discretas gargalhadas de satisfação. Todas querem e merecem amor, todas. No fim do dia retorno pra casa, durante um banho quente, me lembro de uma a uma. Doces figuras em que pousei o olhar. Para finalmente me aquietar os impulsos, pego todo o desejo e enfio num belo vestido de veludo vermelho, um par de salto alto, e uma boa maquiagem.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tema: Mulher

Experimentação pessoal sobre o medo de ser mulher.

Eram dois – um a segurava por trás, agarrando os seus braços e o outro fazia sua lambança. Os movimentos eram bruscos, um dos braços, segurado com muita força, já estava dormente e as surras doíam menos do que suas seqüelas posteriores.
Seqüelas que doeram em momentos muito específicos – como no beijo do pai que ardeu, e muito, a face de veias arrebentadas na semana seguinte àquele dia.
As surras não foram o pior. Doeram muito, mas muito, as coisas ditas ao ouvido. A saliva que ficava e escorria quando a boca desencostava da orelha, quase carregava em si as próprias palavras proferidas, os adjetivos sujos, perversos, traumatizantes.
O único trauma que ela havia carregado até então, fora o medo da rua na qual, aos oito anos, viu um menino sendo atropelado... Ela tinha medo das ruas, das grandes avenidas movimentadas, que ofereciam o perigo da pressa. Mas isso se supera, se supera pela necessidade do ônibus do dia-dia, se supera, indo pelas ruelas de bairros mais ermos. E esses bairros mais ermos, aonde os carros são poucos, a experiência veio contar, oito anos depois da cena do atropelamento, que são muito perigosos.
No vazio de uma área residencial, sem grandes avenidas e de casas fechadas e surdas à rua, oito anos depois de chorar pelo menino estirado no chão, ela chorava pela dor de puxões de cabelos e ordens violentas dentro de um carro fedido, que não a atropelara, mas a impelira pra dentro de si aos pontapés, palavrões e ameaças.
Um jeito com o qual ela só se acostumara em filmes. O sangue é mais sólido fora da tela e a própria dor é menos teatral – não se aceita a dor como um ator coadjuvante que leva um tiro e não reage. Até o ultimo instante, o que se pensa é na fuga e na preservação - nem que seja a preservação de um último pedaço da própria carne.
Até o momento em que, por sorte ou azar, acontece de o pesadelo acabar – como aconteceu de alguém passar de carro pela rua ao lado e acontecer de esse alguém ser um policial em uma viatura fiscalizando e procurando saber se havia ali algum casal se divertindo em local inapropriado. E aí, aconteceu de eles ouvirem a sirene e preferirem levá-la e, para evitar qualquer problema, a matariam e a jogariam em qualquer lugar. Mas também aconteceu de a pressa e o medo desviarem a atenção do motorista que ignorou a sinalização e bateu em um outro carro. E o carro ficou imobilizado. E começou uma violenta discussão. E um táxi passou. E no desespero, ela o parou e entrou. E, desorientados, eles não fizeram nada. E eles, afinal, não tinham armas, ela pensou, e eram menos ameaçadores do que ela permitiu. E chorou. E o motorista do táxi não pôde evitar perguntar o que acontecera, e entender o porquê da batida, o que ela tinha a ver com aquilo, e muito sem graça questionou se ela estava machucada e comentou o fato de suas roupas estarem rasgadas e ofereceu leva-la a um hospital. E ela, “casa, por favor”. Mas ele não. E ela gritava, esperneava de medo de aparecer assim em público. Ela fora estuprada, moço. “Estuprada! Eu não quero ir a lugar nenhum, eu quero minha casa, minha morte, meus pais, a polícia, deus ou quem quer que possa me esconder. Mas hospital não”.
No hospital, ela contaria coisas para pessoas que não poderiam saber. E que teriam dó e só dó... nenhuma arma pra acabar com quem fizera isso, nenhum remédio pra voltar no tempo e faze-la passar por outra rua; passar por uma avenida, quem sabe, e ser atropelada mesmo, pra, aí sim, ir pra o hospital com dignidade.
E depois sairia do hospital com dignidade. E viveria a vida com a dignidade de quem pode até rir dos próprios acidentes. A dignidade de poder passar pelas ruas escuras correndo um inocente risco de quem tem medo do desconhecido. Mas ela já conhecera o perigo e o perigo a usou e a tomou pra si, punindo-a. Punindo-a por andar por onde quisesse, punindo-a por usar roupas curtas demais, punindo-a por ter nascido mulher e ter tido a audácia de achar que isso não tem conseqüências.
E ora, porque ela fora punida e essas meninas não?, pensou, já aos 23 anos, quando fora pela primeira vez a uma festa de faculdade. Pois era constante o pensamento de sair distribuindo calças para as meninas por aí e dizendo: - cubram-se, não dêem chance, sejam cuidadosas, suas prepotentes... E é claro que é impossível permanecer em uma festa aonde garotas desfilavam suas pernas para homens de todas as idades e tipos que as olhavam somente como uma oportunidade. Ainda mais impossível foi suportar ouvir o comentário na fila do banheiro “meu deus, eu preciso comer alguém hoje”. E o olhar de quem dizia isso estava desfocado, como o de algum bêbado que responde muito mais com instintos perversos do que qualquer outra coisa. E esse olhar lhe trouxe um arrepio muito forte, como de alguém que, da esquina, tem a chance de ver a iminência do acidente. Ou como alguém que vê um filme terrivelmente previsível – o mesmo olhar estava estampado na cara do motorista de um carro que a abordou para perguntar como se chegava à rua tal, sete anos atrás. Esse olhar de quem lê somente o que lhe interessa... ai, eu quero ir embora. E ligou para sua mãe buscá-la na festa.
O pai, aliás, ficou muitos anos sem receber uma ligação dela. É dele que ela sentiu mais vergonha... do primeiro homem que ela amou, e que confiava em sua inocência e que por tanto confiar, fez a pergunta reveladora. Ele, ao ver a filha chegando com a blusa rasgada, os seios à mostra sangrando, o rosto variando em tons de vermelho; vociferou com o taxista querendo saber o que houvera com ela. E depois, chorando um choro que lembrava mais a raiva do que a compaixão, abraçou a filha perguntando “por que”.
Por quê? Foi essa pergunta que a fez perceber que era culpa dela. E que ela dera motivos para aquilo acontecer. E que inocência não tem nada a ver com burrice e que por causa desta, aquela agora se perdera de vez.
E a culpa é algo que todo mundo carrega, mas só os que têm o azar de levá-la em cargas maiores que se incomodam. Pois essa culpa pesou nas costas feridas com o canivete que cortou todo o seu corpo das costas aos seios, para puro divertimento dos rapazes que a usaram. A culpa foi como que a percepção de que aquele corpo não era de direito dela, pois afinal, ela permitira que outros o usassem. E, logo aos dezesseis anos, ela, que namorava há uns meses, percebeu que não queria ser usada mais, pois não era proprietária de si mesma.
E o corpo, que já não era dela, era um peso, era a própria culpa que nos primeiros meses, ardia onde o canivete passara, aonde a mão esmurrara, na vagina que fora inteiramente ferida por unhas, dedos e uma penetração extremamente desajeitada. E, meu deus, eles se apropriaram tanto da intimidade da moça, que chegou ao ponto de abstração, no qual só o corpo respondia e, ali, naquele carro ela chegara a tremer por uns segundos pela sensibilidade ainda aguçada de um pênis dentro dela. Ela sentiu dois ou pouco mais segundos de prazer e isso era inconcebível. E lembrar disso, dois anos depois, fez com que ela sentisse, novamente, vontade de se matar.
E a primeira vez em que essa vontade surgiu, foi na visita de seu namorado atônito, que chorava o tempo todo de raiva, dó, impotência. E a abraçara. E foi nojento abraça-lo. Nojento sentir novamente contornos masculinos de um corpo jovem. Fora a dor do próprio corpo cujas feridas a lembravam, o tempo todo, que ela não era mais dela e, sim da merecida punição culposa.
Foi necessário um tratamento psicológico, sim. Terapia e tudo mais que só serviu pra fazê-la esquecer, no dia-dia, o acontecimento. E ela, ignorando tudo, terminou com o namorado (que ela não sabe, mas se matou) e não teve mais nenhum, entrou pra uma faculdade, pra um curso qualquer, arrumou estágio, emprego aos trinta anos, e pôde sofrer com outras coisas, como a morte do pai, a viagem do irmão, o casamento da irmã mais velha... E o esquecimento é o estado sem o qual não existiria a lembrança. E ela lembrou e muito na vida. Como ferida que deixa pra doer quando o sangue esfria. Uma contusão na memória, na moral, na sensibilidade que vem de vez em quando, e isso é que dói - ainda se surpreender com a dor mais marcante de sua vida.
Foi algo que a impediu de querer ter filhas, de fazer filhos. Algo que mudou seu sonho pra coisas menos cheio de perspectivas e seus desejos se resumiriam ao jantar da noite. Pois as noites eram reservadas a janta e a liberdade dos sapatos e calças – inibidores de sua vaidade e protetores de sua integridade.
E amor é aquilo que se sente na infância, pelos pais e pela vida. Depois isso se perde e vira saudades só. O resto é interesse, lascívia.
A partir daqui, ela esquece o que aconteceu. Ela só sofre por ter sido amputada, por ter sofrido a penetração de sua intimidade e já esquecida de detalhes, evita encarar o quadro. Joga fora sua vontade, come vergonha três vezes ao dia, evita o espelho, a nudez do banho, os segredos da noite e nunca, em hipótese alguma, sente-se capaz de se doar a qualquer coisa. Nem a si mesma. Nem às maquiagens. E pouquíssimas são as festas que a atraem. Ou melhor, ela mal escuta a força de sua atração. Ou melhor, ela não tem forças. Ou não tem audição.
E por um dia ter doído, ela optou por se proteger no quarto pra impedir que a vida ardesse, se procriasse e se recriasse.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tema: Mulher

Mulher Enfadonha

Disse a ela:
Hortência!
Assistência! Sorria pra galeria do maltrapilho do suíno masculino do teu marido.
E Hortência foi lambuzar os pés do malandro.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tema da semana: Mulher

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Tema: Preguiça

Não confunda preguiça com falta de inspiração.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tema: Preguiça

E por razões um tanto quanto óbvias, eu acabo não estendendo a prosa hoje...

(Mãinha, tem remédio pra veneno de escurpião, tem?)