quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tema: Ginástica Rítmica

Ginástica rítmico-regressiva de um título sem texto sem tema sem trama centrado em um homem monótono.

Ou

De perto, não há monotonia

Ou

Muitas vezes a gente não entende o ritmo das coisas.



Segunda:
Já se tinha visto aquele rapaz andando por aquelas bandas, assistindo filmes, comendo cachorro quente, roubando motocicletas, chupando refrigerantes em canudos de duas cores, amando perdidamente uma cadela-animal, chorando copiosamente por uma cadela-mulher, ligando pros pais, rezando pros livros rasgados e jogados na privada de um banheiro público, transando com cheiros, limpando o azar, correndo de medo, morrendo de só, sozinho de tudo, sorrindo pra vida, beijando crianças, subindo em árvores, chutando maçãs, espremendo morangos morangos morangos morangos pra quê?.
Ele vendia dinheiro no mercado livre. Dez horas da manhã, diariamente anunciava NOTA DE UM REAL, R$ 2,00. Era dia 05 – datas são importantes – ele comprou uma centrífuga. Jogou todo o leite com toddy, esperando tomar marilyn monroe no café da manhã, que saiu na hora do almoço. Saiu pra trabalhar, espera aí – que trabalho? Demitiu-se ali na Tupis, antes mesmo de chegar ao prédio. Chegou em casa, tirando os tênis, correu para a televisão, abriu-a, pois queria pintar com aquelas cores ali de dentro. Pegou a tela, levou pro banheiro, de frente pro espelho encenou bruce wills. Ele era, era sim, o bruce wills, tomando um refrigerante, chupado por um canudo de duas cores.
Isso tudo na segunda.

Terça:
Alguém observava, era certo. Saiu no meio do filme, chorou pela cadela-animal no meio da rua morta – isso mesmo, rua morta; ligou pra cadela-mulher e confessou amar os pais perdidamente, rasgando a vida, sorrindo pra privada de um banheiro publico, sozinho de tudo, transando só, morrendo copiosamente nos livros, espremendo árvores, beijando maçãs, chupando morangos, limpando cheiros roubados, que azar azar azar azar azar az.
Ar, ele pediu um pouco de ar ao conseguir largar aquela rua, descer a Gonçalves Dias, chegar à Bias Forte, largar mão daquela praça.
Correu pra comprar pipoca – mas deixou o dinheiro à venda no mercado livre. De todo jeito, faltavam R$0,50. De grão em grão em grão em grão em grão em grão – um saco inteiro de pipoca.


Quarta:

Isso era quarta.

Ele não ligou pra vida, não comeu quase nada, roubou motocicletas de novo, espremeu, chupou, limpou, beijou, correu de crianças, limpou a privada, sorriu para o azar, transou com os pais, cadela-mulher e todos os livros, subiu só, rezou pelo medo, medo, medo, medo, medo, medo, medo, morreu só, sozinho de tudo, no banheiro publico.

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